UM ESTUDO EM FILIPENSES 2.6-11
INTRODUÇÃO: Com a proximidade da Páscoa, resolvi
trazer para nossa edificação um dos textos mais profundos da Bíblia, no qual o
apóstolo Paulo fala da humilhação e exaltação de Cristo. Ao escrever aos
Filipenses, da prisão, ele os admoestou a seguir o exemplo de Cristo. A atitude
de serviço e abnegação, com vistas a auxiliar outros, deveria estar presente e
se expandir na vida de cada discípulo. Se Jesus não é nosso exemplo, então
nossa fé é estéril e nosso culto em vão.
I. A HUMILHAÇÃO (2.6-8)
1. Ele voluntariamente abriu mão de seus
direitos (2.6). Jesus antes da sua encarnação sempre foi Deus co-igual,
co-eterno e consubstancial com o Pai e com o Espírito Santo. Ele sempre foi
revestido de glória e majestade (Jo 17.5). Ele é o criador de todas as coisas,
visíveis e invisíveis (Cl 1.16). Ele sempre foi adorado pelos anjos no céu. Cristo Jesus sempre foi (e continuará sempre
sendo) Deus por natureza, a expressa imagem da Divindade. Ele sempre possuiu toda a glória e louvor no
céu. Com o Pai e o Espírito Santo, ele sempre reinou sobre o universo. Mas
abdicou de tudo isso por amor de nós.
2. “Não julgou como usurpação o ser igual a
Deus”. Ou seja, não considerou a sua igualdade com Deus como “algo que
deveria reter egoisticamente. Jesus não se agarrou aos privilégios de sua
igualdade com Deus. Cristo não usou sua igualdade com Deus como desculpa para
auto-afirmação, ou autopromoção. Ele abriu mão de sua glória, desceu das
alturas e, usou seus privilégios para abençoar os outros. A Bíblia diz que ele
andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do diabo
(At 10.38).
3. Ele se esvaziou (2.6,7).O Filho de Deus
deixou o céu, a glória, seu trono, e fez-se carne, fez-se homem, se encarnou.
Aquele que em seu estado pré-encarnado é igual a Deus é a mesma Pessoa que se
esvaziou. Do que Cristo se esvaziou? Certamente não foi da existência “na forma
de Deus”. Isso seria impossível. Ele continuou sendo o Filho de Deus.
Indubitavelmente, Cristo renunciou seu ambiente de glória. Ele pôs de lado sua
majestade e glória (Jo 17.5), mas permaneceu Deus. Ele jamais deixou de ser o
possuidor da natureza divina. Mesmo em seu estado de humilhação ele jamais se
despojou de sua divindade. Para cumprir os desígnios de Deus, houve em Jesus, como
base do seu ministério vitorioso, um princípio pleno de renúncia, sacrifício e devotamento:
·
Abriu mão de sua
relação favorável à lei divina. Enquanto permanecia no céu nenhuma carga de
culpa pesava sobre ele. Entretanto, ao encarnar-se, ele que não conheceu
pecado, se fez pecado por nós (Jo 1.29; 2Co 5.1); ele que era bendito
eternamente se fez maldição por nós (Gl 3.13) e levou sobre seu corpo, no
madeiro, todos os nossos pecados (1Pe 2.24).
· Abriu mão de suas
riquezas.
Jesus renunciou tudo, até mesmo sua própria vida (Jo 10.11). Tão pobre ele era
que tomou emprestado um lugar para nascer, uma casa para pernoitar, um barco
para pregar, um animal para cavalgar, uma sala para reunir e um túmulo para ser
sepultado.
·
Abriu mão de sua
glória celestial.
Ele tinha glória com o Pai antes que houvesse mundo (Jo 17.5). Mas,
voluntariamente deixou a companhia dos anjos e veio para ser perseguido e odiado
pelos homens. Ele, em cuja presença os serafins cobriam o rosto, o objeto da
mais solene adoração, voluntariamente desceu a este mundo, onde foi “desprezado
e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer”
(Is 53.3).
·
Renunciou ao livre
exercício de sua autoridade. Ele voluntariamente se submeteu ao Pai e disse: “Eu não
procuro a minha própria vontade, e, sim, a daquele que me enviou” (Jo 5.30).
Antes de Jesus vir ao mundo, as pessoas só podiam conhecer a Deus parcialmente.
Depois, puderam conhecê-lo plenamente em Jesus. Cristo é a perfeita expressão
de Deus, pois Nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade.
3. Ele
serviu (2.7). Ele assumiu a forma de servo e serviu. O Senhor de todos
tornou-se servo de todos (Mt 20.27; Mc 10.45). Jesus assumiu a forma de servo e
serviu aos pecadores, às meretrizes, aos cobradores de impostos, aos doentes,
aos famintos, aos tristes e enlutados. Quando seus discípulos, no cenáculo,
ainda alimentavam pensamentos soberbos, ele pegou uma toalha e uma bacia e
levou os seus pés (Jo 13.1-13).
4.Ele se tornou em semelhança de homens
(2.7). Aquele que era em forma de Deus e era igual a Deus desde toda a
eternidade tomou a forma de homem num particular momento da história. Ele
continuou subsistindo em forma de Deus em sua natureza essencial a despeito de
sua encarnação. Ele conservou a natureza essencial de Deus mesmo depois de se
tornar em semelhança de homens.
5.Ele se sacrificou (2.8). Jesus Cristo
serviu sacrificialmente e foi obediente até à morte e morte de cruz. A morte de
cruz tinha três características: era dolorosíssima, pois era a pena de morte
aplicada apenas aos mais perigosos criminosos; era ultrajante, uma vez que a
pessoa condenada era açoitada, ultrajada e cuspida e, depois, tinha que
carregar a cruz debaixo do escárnio da multidão até o lugar da sua execução; e
era maldita. Uma pessoa que era dependurada na cruz era considerada maldita (Dt
21.23; Gl 3.13).
6.Ele deu a própria vida. Não devemos
olhar a morte de Cristo na cruz apenas sob a perspectiva do sofrimento físico.
Cristo não foi para a cruz porque Judas o traiu por ganância, porque os
sacerdotes o entregaram por inveja ou porque Pilatos o condenou por covardia.
Ele foi para a cruz porque o Pai o entregou por amor e porque ele a si mesmo se
entregou por nós. Ele morreu pelos nossos pecados (1Co 15.3). A cruz de Cristo
é a maior expressão do amor de Deus por nós e a mais intensa expressão da ira
de Deus sobre o pecado. O salário do pecado é a morte. Então, Deus num ato
incompreensível de eterno amor, puniu o nosso pecado em seu próprio Filho, para
poupar-nos da morte eterna. Na cruz Jesus foi desamparado para sermos aceitos. Ele
se fez maldição na cruz para sermos benditos e morreu a nossa morte para
vivermos a sua vida.
II. A EXALTAÇÃO (2.9-11)
1. É obra de Deus (2.9). O mesmo que se
humilhou foi exaltado e essa exaltação lhe foi dada pelo Pai. O caminho da
exaltação passa pelo vale da humilhação; a estrada para a coroação, passa pela
cruz. Deus exalta aqueles que se humilham (1Pe 5.6). Foi por causa do
sofrimento da morte que essa recompensa lhe foi dada (Hb 1.3; 2.9; 12.2). Porque
Jesus se humilhou, ele foi exaltado. O Pai lhe deu o nome que está acima de
todo nome.
2. É incomparável (2.9). A expressão “o exaltou
sobremaneira” só pode ser aplicado a Cristo. Deus, o Pai enalteceu o Filho de
uma forma transcendentemente gloriosa.
Cristo ultrapassou os céus (Hb 4.14), foi feito mais alto que os céus
(Hb 7.26) e subiu acima de todos os céus (Ef 4.10). A exaltação incomparável de
Cristo constitui-se no fato dele ter recebido um nome que está acima de todo
nome (2.9). Ele recebeu este nome por herança (Hb 1.4) e por doação (2.9). O nome de Jesus, agora, é possessão da
igreja. Por meio desse nome os enfermos são curados (At 3.6), os perdidos
são salvos (At 4.12), os crentes são perdoados (1Jo 2.12), os cativos são
libertos (Lc 10.17), as orações são respondidas (Jo 16.23). O apóstolo Paulo
diz que devemos fazer tudo em nome de Jesus (Cl 3.17). O título pelo qual Jesus
chegou a ser conhecido na Igreja primitiva foi Kyrios. Desta maneira, quando Jesus era chamado Kyrios, Senhor,
significava que era o Senhor absoluto de tudo e de todos. A grande ênfase do
Novo Testamento é sobre o senhorio de Cristo. O Filho de Deus é chamado de
Senhor mais de seiscentas vezes no Novo Testamento. Somente os que confessam
que Jesus é Senhor podem ser salvos. A Bíblia diz que quem tem o Filho tem a
vida.
3. Exige rendição de todos (2.10). Na
segunda vinda de Cristo os três mundos vão se dobrar aos seus pés: os céus, a
terra e o inferno. Todo o joelho vai se curvar diante do poderoso nome de Jesus
no céu (os anjos e os remidos), na terra (os homens) e debaixo da terra
(demônios e condenados).
4. É proclamada universalmente (2.11). Toda
língua vai confessar que Jesus é Senhor. Ele é o Rei dos reis, o Senhor dos
senhores, o Todopoderoso Deus, diante de quem os poderosos deste mundo vão ter
que se curvar e confessar que ele é Senhor. Aqueles que zombaram dele vão ter
que confessar que ele é o Senhor. Aqueles que o negaram e nele não quiseram
crer, vão ter que admitir e confessar que ele é Senhor. Essa confissão será
pública e universal. Todo o universo vai ter que se curvar diante daquele que
se humilhou, mas foi exaltado sobremaneira! Todas as criaturas e toda a criação
reconhecerão que Jesus é Senhor (2.11; Ap 5.13).
5. Tem um propósito estabelecido (2.11). A
exaltação de Jesus tem dois propósitos claros: que todos, em todo o universo reconheçam o senhorio de Jesus Cristo.
Deus o exaltou o fez assentar à sua destra e o constitui o Senhor absoluto do
todo o universo. O senhorio de Cristo foi a grande ênfase da pregação
apostólica (At 2.36; Rm 10.9; Ap 17.14; 19.16) e que o Pai seja glorificado
pela exaltação do Filho. O fim último de todas as coisas é a glória de Deus
(1Co 10.31). Toda a glória que não é dada a Deus é glória vazia, é vanglória.
Cristo se humilhou e suportou a cruz para a glória de Deus (Jo 17.1). Ele
ressuscitou e foi exaltado para a glória de Deus (2.11).
CONCLUSÃO:
Podemos encerrar nosso estudo com o lindo Cântico que será entoado no céu:
“Digno é o Cordeiro que foi morto de receber o poder, e
riqueza, e sabedoria, e força, e honra e glória e louvor... Aquele que está
assentado no trono e ao Cordeiro seja o louvor, a e honra e a glória e o
domínio pelos séculos dos séculos” (Ap 5.12-13). SOLI DEO GLORIA
1 comentários:
Estudo maravilhoso! Parabéns!
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