ESTUDO BÍBLICO: IGREJA: MISTÉRIO DE DEUS, GLÓRIA DE CRISTO:


Um Estudo em Efésios 3.1-13

 Introdução: Coube ao apóstolo Paulo dois privilégios importantes concedidos por Deus: a) Uma revelação – gentios e judeus formam a Igreja (v. 2-3); b) Uma comissão – pregar o evangelho aos gentios anunciando o amor de Deus (v. 7-8), ambos estreitamente relacionados entre si. Vejamos o que podemos aprender para fazermos uma aplicação prática desta doutrina em nossas vidas e na vida da Igreja.

 I. A REVELAÇÃO – V. 1-6

 1. A Definição do mistério

• Três vezes Paulo emprega a palavra mistério (3:3, 4,9). “Mistério” em português tem um sentido diferente do grego. Em português significa algo obscuro, oculto, secreto, enigmático, inexplicável. No grego, significa um segredo que já foi revelado. O evangelho não está ao alcance apenas de uma elite espiritual, mas aberto a toda a igreja (3:5). A revelação está completa, não há mais segredo como também não há uma nova revelação.

 2. Cristo é a fonte e a substância do mistério

• Paulo chama esse mistério de “o mistério de Cristo” (v. 4). Essa é uma verdade revelada que Paulo não descobriu por pesquisa nem informação humana, mas por revelação divina (v. 3). “Ele declara a natureza exata do mistério com ênfase e clareza no versículo 6, a saber, que os gentios são co-herdeiros, membros do mesmo corpo e co-participantes da promessa em Cristo Jesus por meio do evangelho”. Assim, o mistério diz respeito a Cristo e ao único povo, judeu e gentio.

• Para definir melhor esse mistério, Paulo usa três expressões paralelas: a) Co-herdeiros; b) Membros do mesmo corpo; c) Co-participantes, (3:6). O mistério de Cristo é a união completa entre judeus e gentios, através da união de ambos com Cristo. É essa dupla união, com Cristo e entre eles, que era a substância do mistério. Deus revelara esse mistério a Paulo (3:3), aos santos apóstolos e profetas (3:5), aos seus santos (Cl 1:26). Agora, portanto, esse mistério é uma possessão comum da igreja universal.

 3. O mistério tornou-se completamente claro pela Obra redentora de Cristo

• O Antigo Testamento já revelara que Deus tinha um propósito para os gentios. Prometera que todas as famílias da terra seriam abençoadas através de Abraão; que o Messias receberia as nações como sua herança; que Israel seria dado como uma luz para as nações. Jesus também falou da inclusão dos gentios e comissionou seus discípulos a fazer discípulos de todas as nações (Mt 28:18-20).

• Mas o que é absolutamente novo é que a nova comunidade, a igreja, seria o corpo de Cristo. Judeus e gentios seriam incorporados em Cristo e na sua igreja em igualdade, sem qualquer distinção. Essa união completa entre judeus, gentios e Cristo era radicalmente nova e Deus revelou a Paulo. Em Ef 3:5 Paulo diz que a luz agora brilha totalmente. A expressão “como” mostra que o sol da revelação está agora brilhando em seu pleno fulgor.

 II. A COMISSÃO – V. 7-13

 1.      O mistério deve ser anunciado

  • No fim do verso 6, Paulo equiparou o mistério com o evangelho. É por meio do evangelho que os judeus e gentios são unidos a Cristo. O mistério foi a verdade revelada a Paulo e o evangelho é a verdade proclamada por Paulo (v. 7).
  • O privilégio de ser despenseiro desse mistério. Paulo chama-se a si mesmo de “o menor de todos os santos” (v. 8). Ao dizer que o menor dos santos Paulo não estava sendo nem hipócrita nem se afundando na autopiedade. Ele combina humildade pessoal com autoridade apostólica. Na verdade ao minimizar a si mesmo, engrandecia o seu ofício.


  • A necessidade do poder de Deus para anunciar esse mistério. O ministério da pregação é um dom, mas não pode ser exercido sem poder (v. 7). Paulo usa duas palavras para poder: energia e dinamite. Ambas descrevem a invencibilidade do evangelho.
  2.      Anunciar este mistério é um privilégio
  •  Pregar aos gentios o evangelho das insondáveis riquezas de Cristo (v. 8). O evangelho são boas novas. Essas boas novas têm a ver com as insondáveis riquezas de Cristo. Que são essas riquezas? a) Ressurreição da morte do pecado; b) Libertação da escravidão da carne, do mundo e do diabo; c) entronização vitoriosa com Cristo nos lugares celestiais; d) Reconciliação com Deus; e) Reconciliação uns com os outros – o fim da hostilidade, a derrubada do muro da inimizade; f) O ingresso na família de Deus; g) A herança gloriosa em Cristo no novo céu e na nova terra.
  • Essas riquezas são inesgotáveis, inexploráveis, inexauríveis. Como a terra, são vastas demais para serem exploradas. Como o mar, são profundas demais para serem sondadas. Estão além do nosso entendimento. Temos nós conhecido, experimentado e anunciado as insondáveis riquezas de Cristo? Temos vivido como mendigos enquanto somos ricos? Temos sido como o irmão mais velho do pródigo, agido como escravos, enquanto somos filhos e herdeiros?
3.      Manifestar o mistério a todos os homens é um dever (v. 9)

 ·     O verso 9 não é a repetição do verso 8. Há três diferenças revelantes: a) A pregação do evangelho agora é definida e o enfoque passa a ser não o da conteúdo da mensagem (boas novas), mas a condição daqueles aos quais é proclamada (nas trevas da ignorância e do pecado). Essa era a missão que Paulo tinha recebido de Cristo: Para lhes abrir os olhos e convertê-los das trevas para a luz, e da potestade de Satanás para Deus (At 26:17-18). O diabo cega o entendimento das pessoas (2 Co 4:4). ((Evangelizar é levar luz onde estão as trevas (2 Co 4:6), para que os olhos sejam abertos para ver; b) Entre os versos 8 e 9 há uma mudança de ênfase – No verso 8 a mensagem de Paulo é Cristo e no verso 9 a mensagem de Paulo é a igreja; c) Paulo dirige o seu mistério no verso 8 aos gentios e no verso 9 a todos os salvos sem distinção - Por isso, Ele afirma que o Deus que criou o universo agora começou uma nova criação, a igreja e um dia a completará. No final Deus unirá todas as coisas em Cristo e debaixo de Cristo (Ef 1:9-10). Em Efésios 3:9 Paulo junta a criação e a redenção. O Deus que criou todas as coisas no princípio criará todas as coisas de novo no fim.

 4.      Tornar conhecida a sabedoria de Deus aos poderes cósmicos (v. 10) é urgente
  • O evangelho é endereçado aos homens, mas traz também lições aos anjos.  Deus está formando uma comunidade multirracial e multicultural. Este novo povo, formado por judeus e gentios, reconciliados com Deus e uns com os outros revela a multiforme sabedoria de Deus. Essa palavra grega poikilos era usada para descrever flores, coroas, tecidos bordados e tapetes trançados. A igreja como uma comunidade multirracial e multicultural é a expressão da sabedoria e do amor de Deus. Nenhuma outra comunidade humana se assemelha a ela. Sua diversidade e harmonia são sem igual. É o povo de Deus comprado pelo sangue de Cristo.
  • A igreja se forma dos quatro cantos da terra, enquanto o evangelho se espalha em todas as partes do mundo. Todo o Universo, inclusive os anjos, inclusive satanás e seus demônios assistem o desenrolar dos decretos, desígnios e propósitos de Deus. É o drama da salvação. Através da velha criação (o universo) Deus revelou sua glória aos seres humanos. Através da nova criação (a igreja) Deus revelou sua sabedoria aos anjos: a Igreja, mistério de Deus, glória de Cristo.
  III. O CARÁTER PRÁTICO DO PODER DO EVANGELHO

 1. Uma vida plena de poder e esperança

 · Quando nós compreendemos o que é a igreja e o que a igreja tem em Cristo, isso nos dá grande confiança para vivermos uma vida poderosa. Paulo usa três palavras chaves no verso 12: ousadia, acesso e confiança. O plano eterno de Deus não nos dispensa você de orar. A soberania de Deus não anula a nossa responsabilidade humana. Deus está no controle, mas Paulo pede que os crentes não se desfaleçam. Deus está no controle, mas Paulo se põe de joelho parar orar (v. 14). OUSADIA é ausência de barreira e de medo. Liberdade de palavra. Liberdade dos crentes de se aproximarem de Deus livremente por meio de Cristo. ACESSO é a descrição do que Paulo disse em (2:18) “Porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito”. CONFIANÇA é a certeza da aprovação divina. Pela fé em Cristo temos acesso irrestrito, confiante a Deus.
  ·  Paulo quer que os crentes entendam que o plano de Deus da redenção prosseguirá a despeito da prisão de Paulo. O plano de Deus não falhou porque ele está na prisão. Nem suas aflições o afastaram do caminho do dever. Eles não se desfalecer.
 2. Um lugar especial nos eternos planos de Deus
 ·     A igreja ocupa lugar central na História. A história não é uma coletânea de eventos que se repetem como apogeu e queda de nações, império e pessoas, mas é a história de Deus formando um povo para si para reinar com ele eternamente. A igreja ocupa lugar central no evangelho pois Cristo morreu para nos reconciliar com Deus e para nos reconciliar uns com os outros. A igreja ocupa lugar central na vida cristã, (v. 13). Sofrimento e glória estão profundamente interligados entre si. Se o nosso sofrimento traz glória para os outros, bendito seja Deus!
 Conclusão: “Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele e por meio dele e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” (Rm 11.33-36). SOLI DEO GLORIA.
 

 

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