ESTUDO BÍBLICO


PARTICIPANTES DO SOFRIMENTO DE CRISTO E HERDEIROS DA SUA GLÓRIA:

UMA ANÁLISE BÍBLICA DO SOFRIMENTO DO CRENTE

Texto Bíblico: 1 Pe 4.12-19

Introdução: Ao instruir Seus discípulos, Jesus explicou-lhes que o sofrimento fazia parte integral do seu ministério terreno; que era necessário que o Cristo padecesse e entrasse na sua glória (Lc 24:26). Eles achavam que morrer na cruz era incompatível com a glória de Cristo. Jesus então lhes mostrou, fazendo uma exposição das profecias bíblicas, como era necessário que ele sofresse.Ele suportou a cruz, dando a sua vida e morrendo como espetáculo diante do céu e da terra. O que para muitos parecia uma agonia sem sentido, tornou-se o momento mais sublime e foi onde Ele triunfou (Cl 2.15).

1. O SOFRIMENTO FAZ PARTE DA VIDA CRISTÃ

a) A Bíblia afirma que Jesus aprendeu a obediência através do sofrimento, Hb 5:8, 9. Ele foi tentado nos seus sofrimentos e por causa destas experiências é capaz de socorrer todos aqueles que são tentados (Hb 2:18). Um resultado prático do sofrimento na vida de Jesus foi fazer dele um fiel sumo sacerdote que acabou por vencer toda tentação.

b) O apóstolo Pedro falou muito sobre o sofrimento e referiu-se também à necessidade do sofrimento e aos resultados que o acompanham. Em alguma época da nossa vida, o sofrimento será necessário para que o Senhor alcance os objetivos que deseja para nós. Não há nada que ofenda mais ao “velho homem” do que sofrimento injusto. Traz à tona qualquer resquício de autopreservação e egocentrismo que ainda permanece em nós. O sofrimento revela atitudes e reações erradas. Se nos arrependermos da velha natureza e expressarmos a nova, cresceremos e seremos abençoadas. Se mantivermos a atitude correta durante o sofrimento, estaremos declarando nossa união com Jesus e a glória de Deus repousará sobre nós (1 Pe 4:14). À vontade e o propósito de Deus incluem o sofrimento por causa dos resultados que este produz em nós, mas como um meio de aperfeiçoar-nos, mesmo quando estamos fazendo o que é certo. O crescimento da nossa fé está ligado diretamente aos nossas momentos de sofrimento, apuro e perseverança. Nossa paciência é aperfeiçoada. Acumulamos experiência que é a medida da nossa maturidade. O sofrimento permitido por Deus é o instrumento que nos lança totalmente na dependência do Senhor. Quando a situação exige algo além dos nossos recursos naturais, nossa única saída é a provisão sobrenatural do Senhor. Nossos impasses pessoais podem ser o meio que o Senhor usa para abrir um caminho diante de nós.

c) Jó é o exemplo mais destacado de paciência e confiança adquiridas através da adversidade. Quando lhe sobreveio a tragédia, ele prostrou-se e adorou a Deus, (Jó 1:21); disse que mesmo que Deus o matasse, ainda confiaria nele (Jó 13:15). Sem que Jó soubesse, Deus estava usando o seu testemunho contra Satanás. Quando o sofrimento ocorre nas nossas vidas, podemos confiar que o Senhor o está usando para destruir o mal. Somente quando temos certeza que nossa amoroso Pai celestial está no controle do nosso sofrimento é que podemos corresponder com confiança e descansar.


d) Tiago nos exorta a considerar as diversas provações que encontramos como motivo de alegria por causa daquilo que produzem (Tg 1:2-4).

e) Paulo nos encoraja afirmando que nossos sofrimentos atuais não podem ser comparados com a glória (Rm 8:17, 18) que nos está reservada. Ele afirma que uma condição para reinar com Cristo é sofrer com ele. A comunhão dos sofrimentos de Cristo (Fp 3:10) significa que realmente compartilhamos das suas aflições, e preenchemos o que resta das aflições de Cristo a favor do seu corpo, a igreja (Cl 1:24). Por causa dos resultados dos nossos relacionamentos podemos abraçar nossas diversas e numerosas provações com um profundo senso de gozo. Este gozo pode ser uma profunda consciência de triunfo final mesmo quando o efeito imediato sobre nós é de tristeza e pesar.

f) Outro efeito desenvolvido através do sofrimento é uma mudança de valores. Aquilo que é temporal perde sua influência dominante para o que é eterno (2 Co 4:17, 18). Através do sofrimento, o anseio para estar ausente do corpo e presente com o Senhor se intensifica. Promove a obra da cruz em nossas vidas e aprofunda o desejo de ser crucificado para o mundo. Tornamo-nos desiludidos com as coisas deste mundo e aproximamo-nos mais da nossa esperança em Jesus. Encontramos uma consolação que satisfaz o profundo do nosso ser e que nos torna mais conscientes das coisas eternas do que das temporais. Atendemos mais prontamente às coisas espirituais do que às coisas carnais, e através de tudo isto descobrimos a expressão de Cristo sendo formada em nossa personalidade. No sofrimento, aprendemos a valorizar aquilo que Ele nos deu e que habita em nós: O Seu Espírito Santo, o Parácleto que nos ajuda em tudo e intercede por nós.

g) Nunca seremos tentados além daquilo que podemos suportar (1 Co 10:13). Nossa dificuldade surge quando somos empurrados para novas áreas. Nessas ocasiões pensamos que estamos sendo levados para além daquilo que suportamos, mas na verdade é apenas além daquilo que já conhecemos, para uma nova área de experiência. A suficiente graça de Deus sempre estará lá para ser abundante para conosco. Por estas razoes podemos conhecer a realidade do regozijo na tribulação, e podemos considerar motivo de toda alegria quando tivermos de enfrentar diversas provações. Somos disciplinados por Deus para não sermos julgados com o mundo, 1 Co 11:31, 32, Sl 119.67,71. Deus nos ama demais para deixar de nos castigar,pois Ele nos trata como a filhos (Hb 12:7). Ele açoita a cada filho que recebe, mas com infinito amor e cuidado. Se Jesus aprendeu obediência pelo que sofreu, você acha que nós, que tantas vezes somos desobedientes, poderemos aprender sem sofrimento?

2. O SOFRIMENTO PRODUZ PERSEVERANÇA

a) Perseverança é uma palavra essencial na vida do cristão. Perseverança e sofrimento são quase inevitavelmente interligados. Para nós, o sofrimento é um mal e deve ser eliminado prontamente. Por isto achamos difícil aceitara idéia que um pouco de sofrimento, seja físico ou emocional, pode até mesmo fazer bem para nós. Perdemos muito tempo suplicando para que Deus nos tire das circunstâncias desagradáveis que ele enviou para nos abençoar.

b)Há três espécies de perseverança que precisamos examinar.

· Primeira, a rendição. Deus não nos chama nem para nos render ao sofrimento nem para procurá-lo, muito menos infligi-lo sobre nós mesmos. Rendição pode ter aparência de espiritualidade e santificação, mas na realidade é exatamente o contrário aos olhos de Deus. Leva inevitavelmente à justiça própria por um lado, ou, por outro, a uma depressão espiritual que mata a iniciativa e nos torna surdos à voz profética de Deus. Produz hipocondríacos cristãos que se tornam depósitos de lixo para tudo que Satanás quiser lançar neles. É triste reconhecer que há algumas filosofias cristas que interpretam esse tipo de rendição como espiritualidade.

· Segunda a aceitação passiva. Esta, na verdade, não é muito melhor do que rendição. Isso pode ser ilustrado melhor se examinarmos o assunto da cura divina. É muito evidente que nem todos os doentes são curados. Isto era verdade na época dos evangelhos da mesma forma que o é hoje. Há muitas razões por que isso ocorre, mas eu gostaria de sugerir que muitos outros seriam curados de suas doenças se pudessem simplesmente se livrar da passiva aceitação de enfermidade em seus corpos. Não precisamos negar o fato que muitos se encontraram com Deus no meio da doença ou através dela, mas isto não faz do mal um bem. O verdadeiro perigo da aceitação passiva do sofrimento é que ela embota o nosso discernimento. É muito claro nas Escrituras que algumas coisas devem ser suportadas e outras resistidas. A chave real para a questão está no fato de que algumas coisas, como por exemplo, a tentação, devem ser suportadas e resistidas ao mesmo tempo.

· Terceira, a confiança ativa em Deus é o único fundamento seguro no qual a verdadeira perseverança cristã pode ser edificada. Leiamos Rm 5:2-5. Eis o âmago da questão. Paulo começou e terminou com esperança. Perseverança não é um fim em si mesmo, é simplesmente a esperança sendo testada. De certa forma esta é a dor da perseverança – Deus colocou-nos uma esperança que simplesmente não desaparece e em seguida encontramo-nos em circunstâncias que contradizem quase por completo essa esperança. Mas ele faz promessas maravilhosas de vitórias àqueles que não se deixam abalar e permanecem confiantes (Sl 125).

b) A Bíblia fala da paciência de Jó. O que aprendemos aprender com Jó é que ele perseverou, não que ele atingiu a perfeição, Jó 7:11, 20.Perseverança não se encontra numa vida de sossego; é aperfeiçoada na tribulação e na luta. Deus não exige que você persevere com um sorriso forçado em seu rosto e sem interrogações no seu coração. Simplesmente pede que depois de expressar toda a amargura e desapontamento, você persevere como quem viu a esperança e não a abandonará. A vida cristã inclui uma boa porção de provações e mesmo sabendo disso, tais provações sempre nos surpreendem. A Bíblia diz que devemos esperar as provas, 2 Tm 3.12! Satanás sempre nos ataca de surpresa. Precisamos de alguns princípios práticos para ajudar-nos a perseverar e não devemos aceitar as circunstâncias como inevitáveis. Às vezes suportamos situações porque não tivemos a coragem para mudá-las e nem as nossas atitudes foram de confiança e fé. Devemos nos lembrar daquilo que Deus já disse e colocar todas as provações atuais no contexto da sua história com Deus.

Conclusão: As provações têm uma tendência de suprimir a nossa percepção da presença de Deus e produzir uma depressão, que se dermos lugar a ela, irá apagar toda a Sua bondade e misericórdia que nos tem acompanhado durante toda a nossa vida. É importante confessar a fidelidade do Senhor e invocar a Sua presença. Fomos chamados para a perseverança, portanto não desista jamais. Há um segredo muito simples para ganhar a batalha – ou você está em pé ou está se levantando. Suporte as aflições e creia no Deus Poderoso que está no controle de tudo, inclusive da sua vida. “O justo pode cair sete vezes num dia, mas ele sempre se levantará”. Poderoso é Deus para fazer você sempre estar de pé. Afirma a Bíblia que o “choro pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer”. Fiquemos com a declaração do apóstolo Paulo que afirmou com confiança no meio de intensa provação: “O SENHOR ME LIVRARÁ TAMBÉM DE TODA A OBRA MALIGNA E ME LEVARÁ SALVO PARA O SEU REINO CELESTIAL (2 Tm 4.18)”.

0 comentários:

Postar um comentário