ASSIM DIZ O
SENHOR:
A PROFECIA NA EDIFICAÇÃO DA IGREJA HOJE
O PROFETA E A PALAVRA PROFÉTICA (Parte 1)
Textos Bíblicos: Am 3.7.8; Ef
4.11-13; Dt 13.1-3.
I.O PROFETA HOJE
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Há
profetas ainda hoje? Podemos afirmar que sim, há. Há um Deus que se expressa,
que não só fala à sua criação e às suas criaturas através de eventos materiais,
mas que fala aos homens através de
homens. O Senhor mesmo declarou que suas ações nunca excederão à revelação
profética dada por Ele! (Am 3: 7). Se alguém argumentar que Deus tem falado plenamente
e de modo conclusivo a nós pela encarnação do seu Filho, responderemos que o
seu Filho ainda está falando (Hb 1:1, 2), e que fala através dos profetas que
Ele mesmo os deu à Sua igreja (Ef. 4:11).
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Há duas
palavras bíblicas para profeta: roeh,
(vidente, porta-voz) e nabi (que vem de uma raiz que significa
levantar-se, vir à luz ou inchar. É relacionado com a palavra para um ribeiro
borbulhante e com verbo jorrar, esguichar abundantes sons e palavras, Pv 18:4)
Corretamente interpretado, nabi significa: "alguém que jorra as palavras
de Deus", um divulgador divinamente inspirado, um anunciador, um porta-voz
(Ex 7:1; 4:16). Dessa forma, o profeta é alguém receptivo: Ele vê, é ativo e
fala. Ele não é uma boca meramente; ele tem revelação e percepção da parte de
Deus, e é comissionado a comunicar e agir como porta-voz de Deus,
compartilhando de um coração cheio de visão e revelação.
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O profeta
terá um papel a desempenhar sempre que Deus estiver falando ou agindo. Através
dele Deus expressa sua vontade, seus anseios e propósitos. O profeta vê o que
Deus está fazendo e dizendo antes de expressar e anunciá-lo (Am 1:1). Deus
desvenda o seu propósito ao profeta, pois sem tal revelação este propósito
permaneceria encoberto (Am3: 7). Este desvendamento não vem necessariamente por
meio de uma palavra repentina que lhe "cai do céu", mas mais
freqüentemente consiste de uma crescente percepção, um raiar de revelação, pois
o profeta está constantemente ouvindo a Deus com o coração e o ouvido de um
discípulo (Is 50:4, 5). Depois de ter visto e ouvido, é inevitável que ele
fale, assim como é inevitável que o temor siga ao rugido do leão!(Am 3:8).
1. O PROFETA VÊ
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Como
vidente, o profeta vê claramente e tem percepção até de eventos presentes (2Rs
6:12). A sua preocupação o tempo todo é com a realização do propósito e desejos
de Deus. Ele compreende as coisas como estão, mas não as aceita sem mudança.
Ele declara a palavra poderosa de Deus dentro da situação presente, e esta
palavra torna-se evento ou acontecimento, mudando o que está ao seu redor.
Portanto, uma prova da autenticidade do profeta é se sua palavra acontece,
tornando-se realidade (Dt 18:22). A personalidade do profeta se envolve muito
na sua profecia. Seu temperamento, a vivacidade da sua imaginação, o tipo de
imaginação que possui seu treinamento mental e sua formação, todos têm um
papel. Ele é um homem preparado por Deus desde o ventre da sua mãe, e tem sido
guiado por um caminho formativo ordenado por Deus.
·
Desta
forma, Ezequiel expressa sua mais alta revelação em termos do templo tão bem
conhecido por ele, e Amós usa figuras da sua vida de pastor de ovelhas. Isto
não significa que a profecia seja sempre idêntica à opinião própria do profeta,
conforme percebemos claramente na história do conselho que Natã deu a Davi
sobre a construção do templo, (2 Sm 7:1-16).
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Ele deu
conselho, mas este foi anulado pela
palavra do Senhor. Como um homem que vive pela vontade de Deus, e que se
permite encher e ser motivado pelos anseios e desejos de Deus é de esperar que
o Profeta experimente um nível cada vez mais alto de comunhão e unanimidade com
o Seu Mestre!O profeta só pode falar
aquilo que Deus lhe mandar, seja o que for! Seu compromisso é sempre com a
glória de Deus.
2. ELE DECLARA
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O
assunto do profeta corresponde à vontade
e o reino de Deus. De fato, esta é a substância de toda a revelação de Deus
ao seu povo. O profeta Moisés (Os 12:13) declarou a vontade de Deus para formar
uma teocracia, e toda a profecia posterior está em harmonia com isso. De fato,
um critério para julgar profecia é que qualquer
profeta que afasta o povo da
obediência a Deus é um profeta falso (Dt 13:1-3). O profeta anuncia a
vontade e o alvo de Deus. Constantemente fala além das limitações do presente e
declara o reino perfeito que será realizado através do Messias.
·
Afim de
que isto aconteça, ele declara o juízo vindouro, um juízo que começa agora na casa de Deus. Ele declara a “era
vindoura", enfatiza a necessidade da vida santificada e a progressão na fé
(Hb 3.12-19). Ele mesmo freqüentemente realiza sinais miraculosos que apontam
para o reino de Deus (por exemplo, Moisés e Elias), mas seu verdadeiro anseio é para que o próprio povo de Deus torne-se,
ele mesmo, o maior sinal (Is 8:18; Zc 3:8).
3. ELE PREDIZ
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O profeta faz predições concretas, mas não é
nenhum clarividente com a pretensão de ver adiante um futuro já
predeterminado. Ele aceita que a vontade e o tempo de Deus sejam ambos reais,
não ilusórios. Por estar cheio da vontade de Deus, ele declara essa vontade
dentro da situação presente, mudando e moldando-a, segundo a vontade de Deus.
Desta forma, Daniel tomou a predição de restauração feita por Jeremias,
respondeu a ela e pela oração trouxe-a ao seu cumprimento. Há ampla evidência
que circunstâncias mudadas alteram uma direção de eventos anteriormente
declarada (Jn 4:2).
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Por serem a história e o tempo fatos reais o
profeta reconhece que os obstáculos precisam ser removidos. Por isso ele
arranca e derruba (Jr 1:9-10) para dar lugar à construção firmada daquilo que
Deus quer; para abrir o caminho para Deus fazer novas todas as coisas. Mais
do que todos, o profeta sabe que o machado precisa ser posto à raiz das
árvores, ele exorta para o testemunho, (Mt 3.10). A predição do Messias montado
num jumento ( Zc 9:9) expressava a sua humildade, e não era necessariamente uma
predição concreta até que Jesus a viveu na prática para expressar o princípio
envolvido. O resto da profecia não foi cumprido literalmente, mas o princípio
de toda ela é válido. Portanto, os princípios da profecia são válidos para toda
geração. O dia do Senhor significava, numa época, juízo pelas mãos da Assíria,
e significará juízo final.
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Nos dias
da Reforma, identificava-se o anticristo com o Papa, depois mais recentemente
com Hitler, mas será o homem do pecado dos tempos do fim. As manifestações
destes princípios voltam a ocorrer repetidas vezes na história, mas o círculo
da profecia se fechará com a consumação, a expressão completa desses
princípios.
4. ELE COMUNICA
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O
profeta tem um senso de história e um senso de destino. Ele tem sempre a
consciência de estar levando para frente algo que foi iniciado há muito tempo,
de estar desenvolvendo algo já existente. Ao declarar o reino de Deus agora,
ele é cônscio de ser um descendente direto daqueles que primeiro proclamaram este
grandioso tema. Por causa do seu senso de história e de destino, que se combina
com uma profunda história pessoal dos tratamentos de Deus, ele se torna
singularmente capaz de comunicar um senso de história e de destino para o povo
de Deus.Assim, o próprio profeta personifica o propósito de Deus e deve se
livrar de interesses pré-estabelecidos.Sua única preocupação é a causa e o
reino de Deus.Deus fala conforme o seu querer, não para responder a curiosidade
ou impaciência do homem.
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O
profeta serve a Deus e não ao homem. Contudo, como já vimos, o cumprimento é
influenciado pela resposta do homem. O juízo profetizado pode ser evitado pelo
arrependimento; bênçãos prometidas podem ser realizadas pelo comprometimento fiel.
Devido ao seu senso da iminência de Deus, o profeta freqüentemente declarará
não só que “o tempo está próximo”, mas que “agora é” ( Jo 4:23). Enquanto ele
declara que algo é, acontece; enquanto ele fala da era porvir ela irrompe
dentro do presente século mau.
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Quando
um povo inteiro surgir, correspondendo à palavra profética de Deus desta forma,
a consumação virá. O profeta é fundamental para trazer tudo isso à existência (
Ef 2:20). Ele traz revelação (Ef 3:4, 5) e imprime direção. Transmite visão, e
incita movimento. Estende o horizonte do povo, e proporciona propósito para sua
vida cotidiana. Ele tem uma função especial em relação a outros líderes, (veja
Ageu Zacarias).
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Traz
orientação, direção e revelação a vidas individuais (At 21:10, 11), e pode
muitas vezes não ser popular, pois se opõe a tudo que impede o propósito de
Deus. Ele não receia ferir antes de
curar. Sua motivação e senso de propósito é o alvo da igreja, e a presença
do Deus vivo.
5. COMO SABER QUEM DEUS FEZ PROFETA PARA SI?
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Deus
agora está restaurando profetas para a igreja. Como podemos reconhecer tais
homens? Ou como alguém pode conhecer o chamado de Deus para si? Estas duas
perguntas se fundem em uma só... O papel profético envolve pensamento profundo
(quer seja um homem de formação acadêmica como Paulo ou Ezequiel, quer seja
“prático” como Amós), meditação e comunhão constante com Deus. Nisso não existe
nenhuma implicação de reclusão ou pretensa santidade, mas está fundamentada na
vontade de Deus.
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O
profeta não é um dispensador de “mensagens inspiradas” provenientes de mente
vazia. Ao contrário, sua vida inteira foi moldada por Deus a fim de poder
expressá-lo. Ele terá que passar por experiências profundas e pessoais à medida
que sua vida for moldada e transformada. Estas experiências acontecem entre o
profeta e Deus e podem ser incompreendidas por aqueles ao seu redor. Através
disso, ele desenvolverá uma nova perspectiva de tudo na vida, pois estará
comungando com Deus através de todas as coisas. Deus se comunica com ele,
dando-lhe entendimento e perspectiva divinos. Ele desenvolve o que podemos
chamar de “consciência profética”. Mais e mais ele será usado pelo Senhor. À
medida que vê, ele falará e começará a comunicar a vontade de Deus aos que
estão ao seu redor; introduzirá conceitos que serão novos para os seus ouvintes,
e começará a dar direção em situações diversas, segundo o Espírito Santo.
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A vida do profeta é orientada em todas as
coisas por Deus. A paixão que o consome será a mesma do Espírito Santo (Jo
16:14): o poder e a expressão da glória de Jesus Cristo no mundo, através da
Sua Igreja.
6. HOMENS DO ESPÍRITO
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Profecia
divina é sempre o resultado da inspiração do Espírito de Deus, não simplesmente
a criatividade independente do espírito humano. Vejamos Nm 24:2, Ez 11:5, 2 Rs
3:15; Ez 1:3; Jz 6:34, Nm 11:26, 29; Is 61:1, Jo 1:32, 33, 1 Jo 2:27; Jl 2:28. O
profeta, então, não é nada se não for um homem do Espírito, que experimenta e
expressa a Deus.
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Sejam
quais forem seus dons intelectuais (e Moisés, Ezequiel e Paulo demonstram
grande força intelectual), seu dinamismo é o Espírito de Deus e as raízes da
sua vida são lançadas profundamente nele. Que Deus nos conceda profetas. Que a
igreja os reconheça e os ouça. Que a igreja viva o espírito profético e se
encha com o testemunho de Jesus, que é o Espírito da Profecia (Ap 19:10).
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