
INTRODUÇÃO: Após ministrar aos
seus discípulos, Jesus fez uma oração ao Pai que ficou conhecida na história da
Igreja como a Oração Sacerdotal de
Cristo ou Oração de Cristo pelos
seus discípulos. Jesus estava no começo da Sua Via Crucis. Ele já havia
instituído a ceia e partido o pão; havia alertado que Judas o trairia e que os
demais se dispersariam. A noite na qual seria preso e condenado à morte se
aproximava. Jesus enfatizou nesta oração o eterno propósito do Pai na vida dos
seus discípulos e na sua relação com eles.
O Senhor não pediu riquezas e honra, nem mesmo influência política no
mundo para seus discípulos. O pedido de Jesus concentrou-se em pedir ao Pai que os guardasse do mal, que os separasse do mundo, os qualificasse para a missão e os trouxesse salvos para o céu. Nesta
oração profética, Cristo nos ensinou sobre o poder da oração intercessória. Podemos
dividir esta oração de Jesus em quatro partes: salvação, segurança, santidade e
unidade.
I. A CRUZ, O INSTRUMENTO DE SALVAÇÃO, (17.1-5)1. O instrumento da salvação: A cruz de Cristo – v. 1
a)
O nascimento, a vida e a morte de Cristo não foram acidentes, mas uma agenda
traçada na eternidade. Muitas vezes Ele disse que sua hora não tinha chegado,
mas agora, a hora tinha chegado de Cristo ir para a cruz. Na cruz que ele cumpriu
o plano da redenção, esmagou a cabeça da serpente, despojou os principados e
potestades e revelou ao mundo o imenso amor de Deus.
b)
A prioridade de Jesus era a glória de Deus e sua crucificação trouxe glória ao
Pai. Ela glorificou sua sabedoria, sua fidelidade, santidade e amor. Ela
mostrou sua sabedoria em providenciar um plano onde ele pôde ser justo e o
justificador do pecador. A cruz mostrou sua fidelidade em guardar suas
promessas e sua santidade em requer o cumprimento das demandas da lei. Jesus
glorificou o Pai em seus milagres (Jo 2.11; 11.40), mas o Pai foi ainda mais
glorificado por meio dos sofrimentos e da morte do Filho (Jo 12.23-25;
12.31,32). A cruz glorificou sua compaixão, sua paciência e seu poder, em dar
sua vida por nós, dispondo-se a sofrer por nós, a se fazer pecado por nós, a se
fazer maldição por nós para comprar-nos com seu sangue.
2. A
essência da salvação – v. 2,3a) A vida eterna é uma dádiva do Pai oferecida pelo Filho. Todo aquele que nele crê tem a vida eterna. Quem nele crê não entra em juízo, mas passou da morte para a vida. Não há vida eterna fora de Jesus Cristo. Só ele pode nos conduzir a Deus. Só ele é o caminho para Deus. Só ele pode nos reconciliar com Deus. Só ele é a porta do céu.
b) A vida eterna é mais do que um tempo interminável, não é quantidade, mas qualidade. A vida eterna é um relacionamento íntimo e profundo com Deus, num deleite inefável do seu amor para todo o sempre. Não é apenas conhecimento teórico, mas relacionamento íntimo. A vida eterna é experimentar o esplendor, o gozo, a paz, e a santidade que caracteriza a vida de Deus.
c)
A vida eterna é conhecer a Deus por meio de Jesus. Ele é o mediador que veio
nos reconciliar com o Pai. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo
(2Co 5.18). A vida eterna não é um prêmio das obras, mas uma comunhão profunda
com Jesus por toda a eternidade.
3.
A salvação é uma obra consumada, v.4.
A salvação não é um caminho que abrimos
da terra para o céu. A salvação foi uma obra que o Pai confiou ao Filho e ele
veio e a terminou. Temos a salvação pela completa obediência de Jesus e pelo
seu sacrifício vicário. Na cruz ele bradou: “Está consumado”. Não resta mais
nada a fazer. Ele já fez tudo.
4. A recompensa da
salvação – v. 5.
Jesus pediu para reassumir a mesma glória que tinha antes da
encarnação. Cristo veio do céu, onde desfrutou de glória inefável com o Pai
desde toda a eternidade. Abriu mão de sua majestade e se esvaziou e se humilhou
a ponto de ser chamado apenas do Filho do carpinteiro. Mas, agora, voltaria
para o céu e retomaria seu posto de glória, de honra e de majestade. Ele pediu
que sua igreja pudesse ver a mesma
glória que Ele tem no céu – v. 24 .Vamos compartilhar da glória de Cristo.
Estaremos com ele, reinaremos com ele e o veremos face a face (1Jo 3.2).
Reinaremos com ele por toda a eternidade.
II. A ELEIÇÃO DE DEUS PAI, BASE PARA A NOSSA SEGURANÇA (17.6-14)
1.
Sete vezes Jesus afirmou que os discípulos lhe foram dados pelo Pai. Não apenas
Jesus é o presente de Deus para a igreja; a igreja é o presente do Pai para
Jesus. Não fomos nós que encontramos a Deus, foi ele quem nos encontrou. Não
fomos nós que o amamos a Deus, foi ele quem nos amou primeiro. Não fomos nós
que escolhemos a Deus, foi Ele quem nos escolheu. Nós fomos nós que viemos a
Cristo, foi o Pai que nos trouxe a Ele. A segurança da nossa salvação não está
fundamentada no nosso caráter, mas no caráter de Deus e na obra perfeita de
Cristo.
2.
Jesus é o bom pastor que deu sua vida pelas ovelhas. Jesus guardou e protegeu
seus discípulos e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição. Por que
Jesus não guardou a Judas? Pelo simples motivo de que Judas nunca pertenceu a
Cristo. Jesus guardou fielmente todos os que o Pai lhe deu, mas Judas nunca lhe
foi dado pelo Pai. Judas não cria em Jesus Cristo (Jo 6.64-71); não havia sido
purificado (Jo 13.11); não estava entre os escolhidos (Jo 13.18); não havia
sido entregue a Cristo (Jo 18.8,9). Judas não é, de maneira alguma, um exemplo
de cristão que “perdeu a salvação”. Antes, exemplifica um incrédulo que fingiu
ser salvo e que, no final, foi desmascarado. Se Jesus pôde guardar e proteger
seus discípulos em seu corpo de humilhação, quando mais em seu corpo de glória.
Se ele pôde guardar seus discípulos enquanto viveu na terra, quanto mais ele
pode nos guardar entronizado à destra do Pai em seu trono de glória!
3.
Cristo orou pelos seus discípulos. Nas suas diversas dificuldades, Jesus
intercedeu por eles. Ele orou por quando estavam passando por tempestades (Mt
14.22-33). Ele orou por Pedro quando este estava sendo peneirado pelo diabo.
Agora ele ora por eles antes de ir para o Getsêmani. Jesus fez dois pedidos
fundamentais em relação aos discípulos: a) Que
eles fossem guardados do mundo
(v. 14) – O mundo é um sistema que se opõe a Deus. O mundo odeia os discípulos.
Eles precisam ser guardados de serem tragados pelo mundo. e b) Que
eles fossem guardados do maligno
(v. 15) – O mal aqui seria melhor traduzido por “maligno” como na oração do
Senhor. O maligno é um inimigo real. Paulo diz que devemos ficar firmes contra
as ciladas do diabo (Ef 6.11).
III. A PALAVRA, PODER QUE PRODUZ EM NÓS A SANTIDADE
(17.15-20)
1.
Somos santificados pela Palavra – v.
8, 14,17. Cristo nos transmitiu a Palavra (v. 8) e nos deu a Palavra (v. 14). A
Palavra de Deus é a dádiva de Deus para nós. A Palavra é de origem divina, é
uma dádiva preciosa do céu. Somos santificados pela Palavra (v. 17). A Palavra
é o instrumento da nossa santificação (v. 17). Sem o conhecimento da Palavra
não há crescimento espiritual. A Palavra é a arma da vitória. Ela é a espada do
Espírito: nos dá alegria (17.13), nos dá a certeza do amor de Deus (17.14), nos
transmite o poder de Deus para vivermos em santidade (17.15-17) e é o
instrumento pelo qual Deus chama as pessoas à salvação (17.20). Deus salva por
meio da Palavra, pois é o poder da Palavra de Deus que leva o homem a Cristo.
2.
Somos santificados pelo correto
relacionamento com o mundo, (v. 14,16) – Não somos do mundo. Nascemos de
cima, do alto, do Espírito. Por não sermos do mundo, somos odiados pelo mundo
(v. 14) – O mundo nos odeia porque pertencemos a Cristo. A Bíblia diz que quem
se faz amigo do mundo, constitui-se em inimigo de Deus (Tg 4.4). Diz ainda que
quem ama o mundo, o amor do Pai não está nele (1Jo 2.14-16). O apóstolo Paulo
diz que não podemos nos conformar com este mundo (Rm 12.2).
3.
Somos chamados do mundo (v. 19).Jesus
se separou para salvar os discípulos e agora devemos nos santificar para Ele. A
palavra santificar é separar. Essa separação é moral e espiritual. Estamos no
mundo, mas somos guardados do mundo (v. 11, 15). A santidade não é isolamento.
A santidade não tem a ver com a geografia e o espaço. Não é viver isolado entre
quatro paredes. Não é perder o contato com as pessoas. Precisamos estar
presentes no mundo como sal e luz. Somos
enviados de volta ao mundo (v. 18) – Jesus nos deu uma missão e uma
estratégia. Devemos ir ao mundo como Cristo veio ao mundo e se fez carne. Sua
santidade não o isolou, mas atraiu os pecadores para serem salvos.
IV.
UNIDADE, BASE PARA O TESTEMUNHO DA
IGREJA (17.21-26)
A
unidade de que Jesus está falando não é externa. A unidade da igreja é:
sobrenatural, tangível e evangelizadora. Somos filhos de Deus e membros da sua
família e por isso não podemos viver em desunião, uma vez que nascemos de Deus,
nascemos do Espírito e participamos da natureza divina. O mundo perdido não é
capaz de ver Deus, mas pode ver os cristãos. Se enxergar amor e harmonia, crerá
que Deus é amor. Se enxergar ódio e divisão, rejeitará a mensagem do evangelho.
O maior testemunho da igreja é a comunhão entre seus irmãos, é o amor que com
se amam. Jesus disse que a prova definitiva do discipulado é o amor (Jo 13.34,3).
Não há evangelização eficaz sem a unidade da igreja. Jesus pede ao Pai para que seus discípulos
vejam sua glória e estejam no céu com ele. Precisamos aprender a viver como
família de Deus desde já, pois vamos passar juntos toda a eternidade.
CONCLUSÃO: A Oração Sacerdotal
de Cristo nos enche de conforto e alegria. Ele será para sempre o “nosso Sumo
Sacerdote que vive para interceder por nós”. Como líderes com responsabilidades
em guiar o povo de Deus, a Igreja, precisamos
seguir os passos do Senhor Jesus intercedendo pelas Suas ovelhas a nós
confiadas. O Senhor nos guarde e no sustente em sua Graça em nome de Jesus.
Amém.
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