ESTUDO: A oração sacerdotal de Cristo


     UM ESTUDO EM JOÃO 17.1-26

INTRODUÇÃO: Após ministrar aos seus discípulos, Jesus fez uma oração ao Pai que ficou conhecida na história da Igreja como a Oração Sacerdotal de Cristo ou Oração de Cristo pelos seus discípulos. Jesus estava no começo da Sua Via Crucis. Ele já havia instituído a ceia e partido o pão; havia alertado que Judas o trairia e que os demais se dispersariam. A noite na qual seria preso e condenado à morte se aproximava. Jesus enfatizou nesta oração o eterno propósito do Pai na vida dos seus discípulos e na sua relação com eles.  O Senhor não pediu riquezas e honra, nem mesmo influência política no mundo para seus discípulos. O pedido de Jesus concentrou-se em pedir ao Pai que os guardasse do mal, que os separasse do mundo, os qualificasse para a missão e os trouxesse salvos para o céu. Nesta oração profética, Cristo nos ensinou sobre o poder da oração intercessória. Podemos dividir esta oração de Jesus em quatro partes: salvação, segurança, santidade e unidade.
   I. A CRUZ, O INSTRUMENTO DE SALVAÇÃO, (17.1-5)
    1. O instrumento da salvação: A cruz de Cristo – v. 1
a) O nascimento, a vida e a morte de Cristo não foram acidentes, mas uma agenda traçada na eternidade. Muitas vezes Ele disse que sua hora não tinha chegado, mas agora, a hora tinha chegado de Cristo ir para a cruz. Na cruz que ele cumpriu o plano da redenção, esmagou a cabeça da serpente, despojou os principados e potestades e revelou ao mundo o imenso amor de Deus.
b) A prioridade de Jesus era a glória de Deus e sua crucificação trouxe glória ao Pai. Ela glorificou sua sabedoria, sua fidelidade, santidade e amor. Ela mostrou sua sabedoria em providenciar um plano onde ele pôde ser justo e o justificador do pecador. A cruz mostrou sua fidelidade em guardar suas promessas e sua santidade em requer o cumprimento das demandas da lei. Jesus glorificou o Pai em seus milagres (Jo 2.11; 11.40), mas o Pai foi ainda mais glorificado por meio dos sofrimentos e da morte do Filho (Jo 12.23-25; 12.31,32). A cruz glorificou sua compaixão, sua paciência e seu poder, em dar sua vida por nós, dispondo-se a sofrer por nós, a se fazer pecado por nós, a se fazer maldição por nós para comprar-nos com seu sangue.

   2. A essência da salvação – v. 2,3
a) A vida eterna é uma dádiva do Pai oferecida pelo Filho. Todo aquele que nele crê tem a vida eterna. Quem nele crê não entra em juízo, mas passou da morte para a vida. Não há vida eterna fora de Jesus Cristo. Só ele pode nos conduzir a Deus. Só ele é o caminho para Deus. Só ele pode nos reconciliar com Deus. Só ele é a porta do céu.
b) A vida eterna é mais do que um tempo interminável, não é quantidade, mas qualidade. A vida eterna é um relacionamento íntimo e profundo com Deus, num deleite inefável do seu amor para todo o sempre. Não é apenas conhecimento teórico, mas relacionamento íntimo. A vida eterna é experimentar o esplendor, o gozo, a paz, e a santidade que caracteriza a vida de Deus.
c) A vida eterna é conhecer a Deus por meio de Jesus. Ele é o mediador que veio nos reconciliar com o Pai. Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo (2Co 5.18). A vida eterna não é um prêmio das obras, mas uma comunhão profunda com Jesus por toda a eternidade.
3. A salvação é uma obra consumada, v.4.
A salvação não é um caminho que abrimos da terra para o céu. A salvação foi uma obra que o Pai confiou ao Filho e ele veio e a terminou. Temos a salvação pela completa obediência de Jesus e pelo seu sacrifício vicário. Na cruz ele bradou: “Está consumado”. Não resta mais nada a fazer. Ele já fez tudo.
4. A recompensa da salvação – v. 5.
Jesus pediu para reassumir a mesma glória que tinha antes da encarnação. Cristo veio do céu, onde desfrutou de glória inefável com o Pai desde toda a eternidade. Abriu mão de sua majestade e se esvaziou e se humilhou a ponto de ser chamado apenas do Filho do carpinteiro. Mas, agora, voltaria para o céu e retomaria seu posto de glória, de honra e de majestade. Ele pediu que sua igreja pudesse ver  a mesma glória que Ele tem no céu – v. 24 .Vamos compartilhar da glória de Cristo. Estaremos com ele, reinaremos com ele e o veremos face a face (1Jo 3.2). Reinaremos com ele por toda a eternidade.
   II. A ELEIÇÃO DE DEUS PAI, BASE PARA A NOSSA SEGURANÇA (17.6-14)
1. Sete vezes Jesus afirmou que os discípulos lhe foram dados pelo Pai. Não apenas Jesus é o presente de Deus para a igreja; a igreja é o presente do Pai para Jesus. Não fomos nós que encontramos a Deus, foi ele quem nos encontrou. Não fomos nós que o amamos a Deus, foi ele quem nos amou primeiro. Não fomos nós que escolhemos a Deus, foi Ele quem nos escolheu. Nós fomos nós que viemos a Cristo, foi o Pai que nos trouxe a Ele. A segurança da nossa salvação não está fundamentada no nosso caráter, mas no caráter de Deus e na obra perfeita de Cristo.
2. Jesus é o bom pastor que deu sua vida pelas ovelhas. Jesus guardou e protegeu seus discípulos e nenhum deles se perdeu, exceto o filho da perdição. Por que Jesus não guardou a Judas? Pelo simples motivo de que Judas nunca pertenceu a Cristo. Jesus guardou fielmente todos os que o Pai lhe deu, mas Judas nunca lhe foi dado pelo Pai. Judas não cria em Jesus Cristo (Jo 6.64-71); não havia sido purificado (Jo 13.11); não estava entre os escolhidos (Jo 13.18); não havia sido entregue a Cristo (Jo 18.8,9). Judas não é, de maneira alguma, um exemplo de cristão que “perdeu a salvação”. Antes, exemplifica um incrédulo que fingiu ser salvo e que, no final, foi desmascarado. Se Jesus pôde guardar e proteger seus discípulos em seu corpo de humilhação, quando mais em seu corpo de glória. Se ele pôde guardar seus discípulos enquanto viveu na terra, quanto mais ele pode nos guardar entronizado à destra do Pai em seu trono de glória!
3. Cristo orou pelos seus discípulos. Nas suas diversas dificuldades, Jesus intercedeu por eles. Ele orou por quando estavam passando por tempestades (Mt 14.22-33). Ele orou por Pedro quando este estava sendo peneirado pelo diabo. Agora ele ora por eles antes de ir para o Getsêmani. Jesus fez dois pedidos fundamentais em relação aos discípulos: a) Que eles fossem guardados do mundo (v. 14) – O mundo é um sistema que se opõe a Deus. O mundo odeia os discípulos. Eles precisam ser guardados de serem tragados pelo mundo.  e b) Que eles fossem guardados do maligno (v. 15) – O mal aqui seria melhor traduzido por “maligno” como na oração do Senhor. O maligno é um inimigo real. Paulo diz que devemos ficar firmes contra as ciladas do diabo (Ef 6.11).

III.  A PALAVRA, PODER QUE PRODUZ EM NÓS A SANTIDADE (17.15-20)
1. Somos santificados pela Palavra – v. 8, 14,17. Cristo nos transmitiu a Palavra (v. 8) e nos deu a Palavra (v. 14). A Palavra de Deus é a dádiva de Deus para nós. A Palavra é de origem divina, é uma dádiva preciosa do céu. Somos santificados pela Palavra (v. 17). A Palavra é o instrumento da nossa santificação (v. 17). Sem o conhecimento da Palavra não há crescimento espiritual. A Palavra é a arma da vitória. Ela é a espada do Espírito: nos dá alegria (17.13), nos dá a certeza do amor de Deus (17.14), nos transmite o poder de Deus para vivermos em santidade (17.15-17) e é o instrumento pelo qual Deus chama as pessoas à salvação (17.20). Deus salva por meio da Palavra, pois é o poder da Palavra de Deus que leva o homem a Cristo.
2. Somos santificados pelo correto relacionamento com o mundo, (v. 14,16) – Não somos do mundo. Nascemos de cima, do alto, do Espírito. Por não sermos do mundo, somos odiados pelo mundo (v. 14) – O mundo nos odeia porque pertencemos a Cristo. A Bíblia diz que quem se faz amigo do mundo, constitui-se em inimigo de Deus (Tg 4.4). Diz ainda que quem ama o mundo, o amor do Pai não está nele (1Jo 2.14-16). O apóstolo Paulo diz que não podemos nos conformar com este mundo (Rm 12.2).
3. Somos chamados do mundo (v. 19).Jesus se separou para salvar os discípulos e agora devemos nos santificar para Ele. A palavra santificar é separar. Essa separação é moral e espiritual. Estamos no mundo, mas somos guardados do mundo (v. 11, 15). A santidade não é isolamento. A santidade não tem a ver com a geografia e o espaço. Não é viver isolado entre quatro paredes. Não é perder o contato com as pessoas. Precisamos estar presentes no mundo como sal e luz. Somos enviados de volta ao mundo (v. 18) – Jesus nos deu uma missão e uma estratégia. Devemos ir ao mundo como Cristo veio ao mundo e se fez carne. Sua santidade não o isolou, mas atraiu os pecadores para serem salvos.
IV. UNIDADE, BASE PARA O TESTEMUNHO DA IGREJA (17.21-26)
A unidade de que Jesus está falando não é externa. A unidade da igreja é: sobrenatural, tangível e evangelizadora. Somos filhos de Deus e membros da sua família e por isso não podemos viver em desunião, uma vez que nascemos de Deus, nascemos do Espírito e participamos da natureza divina. O mundo perdido não é capaz de ver Deus, mas pode ver os cristãos. Se enxergar amor e harmonia, crerá que Deus é amor. Se enxergar ódio e divisão, rejeitará a mensagem do evangelho. O maior testemunho da igreja é a comunhão entre seus irmãos, é o amor que com se amam. Jesus disse que a prova definitiva do discipulado é o amor (Jo 13.34,3). Não há evangelização eficaz sem a unidade da igreja.  Jesus pede ao Pai para que seus discípulos vejam sua glória e estejam no céu com ele. Precisamos aprender a viver como família de Deus desde já, pois vamos passar juntos toda a eternidade.
CONCLUSÃO: A Oração Sacerdotal de Cristo nos enche de conforto e alegria. Ele será para sempre o “nosso Sumo Sacerdote que vive para interceder por nós”. Como líderes com responsabilidades em guiar o povo de Deus, a Igreja, precisamos  seguir os passos do Senhor Jesus intercedendo pelas Suas ovelhas a nós confiadas. O Senhor nos guarde e no sustente em sua Graça em nome de Jesus. Amém.

 

 

  

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