ESTUDO: TEOLOGIA DA MORTE (Parte I)

                                                                                                  Texto Bíblico: Rm 6.1-11
Introdução: No dia-a-dia do homem comum, o tabu da morte ainda não foi quebrado. Apesar dos inúmeros ensinos bíblicos nas Igrejas sobre vida, morte e ressurreição, as pessoas (e cristãos) não gostam de falar da morte, mesmo em caso de falecimento de familiares mais ou menos chegados. Há uma sensação de desconforto quando se fala da morte. No entanto, encontramos na morte o grande mistério do ser humano. As pessoas precisam entender que a morte faz parte da vida, está na vida e é vida. Neste estudo pretendo analisar a morte, seu significado para o homem e a mensagem de esperança que a Bíblia nos dá. Segundo as Escrituras aquele que crê não morre jamais, vive para sempre a vida que Cristo nos dá.(Jo11.25,26).

 

I. A ATITUDE DO HOMEM DIANTE DA MORTE

  • As pessoas estão fugindo da morte.

  • Fugir da reflexão sobre a morte significa fugir da reflexão sobre a vida do homem

  • A reflexão sobre a morte está ligada à reflexão sobre o sentido da vida, pois ocupar-se da morte é ocupar-se com a vida

  • Procurar prolongar a vida para fugir da morte

II. QUAL É O SIGNIFICADO DA VIDA HUMANA?
1.Preocupar-se com a morte é preocupar-se com a vida  pois a morte, fisicamente, remete a um fim. Caso nada mais venha depois A VIDA VIVIDA É O ÚNICO VALOR; caso haja uma vida pós – morte, A VIDA VIVIDA PREPARA PARA A VIDA DEPOIS
 
2.O Prolongamento da vida (busca da juventude, cirurgias plásticas, remédios “milagrosos” etc) e uma vida prolongada (velhice) não permiti escapar da morte. A vida não tem outro sentindo se não de vida vivida. De qualquer forma, mal ou bem vivida ela conduz a uma outra vida após a morte .Qual é o sentido desse prolongamento ?
 
3.Qual é o sentido da morte? Para alguns a morte é absurda, o que torna, para eles, a vida também absurda. Para outros, a morte tem sentido, dando sentido também à vida.
 
4.Como, fora da Bíblia não se tem certeza de nada, o medo da morte permanece. Argumentar no nível de humanismo e de forma racional, não responde à angústia do ser humano.
 
5.Até mesmo alguns cristãos estão reprimindo a reflexão sobre o fim da vida, seduzidos pelas mensagens que prometem uma vida prolongada como uma forma de fugir da morte. Muitas pregações evangélicas deturpam o sentido bíblico da morte, que é apresentada como vida pela Palavra de Deus.
O dilema permanece porque o homem sabe que é finito mas tem uma alma. O que enerva a vida é a consciência mais que profunda e real, que o histórico da vida vivida não pode acabar na morte. Esta consciência gera o medo e diminui o sentido da vida.
 
III. A PRIVATIZAÇÃO DA MORTE NO SÉCULO XXI
1.Hoje se morre nos hospitais anonimamente.A privatização do morrer significa alienação do morrer
 
2.Morre-se uma morte solitária, onde os aspectos simbólicos e religiosos da morte desapareceram. O morrer fica desprovido de seu sentido e assim, não se está consciente do fato da morte ser parte integrante da vida.
 
3.Morre-se uma morte coisificada, onde o caráter sacramental da morte se perde. O morrer é anônimo, o morto logo desaparece.
 
4.Há repressão da idéia da morte até nos hospitais. A morte aparece sob o aspecto da falência da arte medicinal. As reações habituais das pessoas quando visitam doentes não falam de morte,mas procuram falara de outras coisas que traduzem:
 ·  reconforto: “você vai indo tão bem”,
 ·  negação: “você não vai morrer”;
 · mudança de assunto:”vamos pensar em algo mais alegre”;
 ·  fatalismo:todos nós vamos morrer”
 ·  hipocrisia: “por que você está falando isso hoje ? está tão bem” 
 
5.A banalização e anonimidade do morrer adquirem maior gravidade na vivência de indivíduos isolados e na experiência cotidiana de grande parte das populações urbanas do mundo.  As situações de violência fazem do morrer algo imprevisível nas situações que envolvem violência e marginalidade. Muitos morrem a”morte social” antes do próprio fato de a vida acabar. Ao acontecer a morte física, morre mais um sem voz e sem nome.
  
6.Através de uma teologia da morte:
     a) Devemos redescobrir a força da Palavra de Deus quando fala da morte.
     b) Devemos anunciar o Deus da vida que transforma a morte em vida, em vida abundante que projeta hoje a vida eterna, onde a morte, como salário do pecado, está vencida pelo Senhor da Vida, Jesus. (I Co 15.54-57.
O COMPORTAMENTO DAS PESSOAS NA HORA DA MORTE
A reação das pessoas que têm fé não costuma ser diferente das demais que não têm esperança quando chega o momento de enfrentar a morte. Alguns entram em pânico   com diagnósticos médicos ,com possibilidades de terem herdado doenças genéticas, ou, ainda, o medo pode tornar-se fobia e dar lugar a estranhas atitudes que podem agravar  a doença. Veremos como se comporta o doente que sabe que vai morrer e como deve se comportar o Pastor ou o Capelão que visita ou assiste um doente terminal.

I.  AS 5 FASES DA REAÇÃO DO MORIBUNDO

 

1.  Reação de Choque, Incredibilidade
  • Ele não aceita o fato como verdadeiro
  • Isola-se de tudo e de todos 
 2. Reação de Ira, Rancor, Raiva e Inveja 
  •   “Por que logo eu ?”
  •   “Por que eu e não tanta gente ruim que existe por aí?”
  •  Ele briga com Deus e com o mundo
  •  Sente-se impotente e injustiçado
 3. Reação de Negociação
  • Há tentativa de prorrogar o inevitável
  • Um desejo intenso de não morrer
  • Ele faz promessas a Deus, caso sobreviva, e geralmente ( se sobrevive)  esquece e não cumpre.
  • Não consegue ver, como cristão, que Deus precisa ser glorificado através do seu testemunho num momento como este, quer para a morte, quer para a vida
  • Por trás dessa “negociação” se esconde muitas vezes o sentimento de culpa.
 4. Reação de Depressão
  •  há um sentimento de perda irreparável
  •  Perda em relação ao passado (saúde, amigos, profissão, finanças)
  • Há uma sensação de inutilidade ( “Que significado teve tudo que fiz, se vou acabar assim ?”)
  • Perda em relação ao futuro: Ele se prepara para a perda de todas as coisas e de todas as pessoas que amou
  • É invadido por uma tristeza profunda que pode apressar a fase terminal
5. Reação de aceitação , aprovação 
  • O homem consente a morte
  •  Nesta fase, ele está calmo aceitando o inevitável
 O COMPORTAMENTO DO Pastor DIANTE DA MORTE
1 Ele mesmo está atingido pelas transformações e questionamentos atuais da morte (Eutanásia, Valores da Medicina etc). Ele também não pode evitar o fim.
2. Dele se pede que tenha controle e tranquilidade diante de uma situação de morte.
3. Há dois papéis: O Papel Público, onde como Pastor ele deve dominar o assunto e falar com autoridade; e o Papel Privado, onde, como homem, ele está na mesma situação de dúvida e ansiedade que qualquer pessoa.
4. Alguns pastores usam diferentes "máscaras" quando se confrontam com a morte e com o doente:
a.    Separatividade: acentua seus poderes especiais, recebidos pela ordenação, se colocando acima do doente.
 
b.    Ação ritualizada: Usa preces e rituais formais e tradicionais. O contato com o moribundo não é pessoal, é generalizado.
 
c.    Linguagem Teológica: fica recitando versículos bíblicos vazios ou usa frases de efeito que nada dizem ao moribundo.
 
d.    Vestuário Especial: terno e gravata ou colarinho clerical é prejudicial num momento em que o doente quer alguém que compartilhe  com ele de sua condição humana.
 
e.    Negócio: Não tem tempo. Muitas obrigações importantes só permitem “rápido favor de uma breve visita”.
 
5. Alguns Pastores claramente se sentem inseguros ao se defrontarem com a morte e esquivam-se de visitas a hospitais e declinam sempre da realização do serviço fúnebre. Eles estão sempre em conflitos e temem não ter o equilíbrio necessário para a visitação ou, ainda (o que é pior) de não saber como consolar o agonizante.
 
6. Existem dois tipos de comportamentos errados, que não satisfazem as necessidades do paciente:
a) O Pastor fala de tudo, mas não ministra a PALAVRA, se permite ter uma conversa leviana sobre amenidades tentando desviar a tensão da morte que está chegando; e
b) O Pastor  entra no quarto com a Bíblia já aberta, com a oração pré-fabricada. Nesses dois tipos de comportamento, ele não consegue se concentrar no ser humano que está à sua frente; faz tudo para superar a sua própria ansiedade e medo.
7. O Pastor deve procurar estar com o doente como um representante de Deus numa hora difícil e, assim ministrar vida e cura, ainda que a vontade de Deus seja a morte. A presença do Pastor traz ao doente a satisfação de saber que Deus se preocupa com ele.
8. O Pastor deve orar para o pleno restabelecimento do doente. Uma oração sem demagogia, mas cheia de verdade do “Senhor  que nos sara” .Não deve desprezar a medicina, com discurso triunfalista que só aumenta a tensão emocional do enfermo.
ATENÇÃO!
 

As pessoas que desejam visitar doentes, principalmente em hospitais, precisam de uma orientação pastoral. São muitos os “malucos” que acabam por fazer piorar a situação do doente, quando não fazem uma visita de amor. Existem dois tipos de enfermos:o crente que está enfermo e o ímpio. Para cada um deles, a abordagem tem que ser diferente. Infelizmente cresce a cada dia o número de pacientes que não querem receber visitas de evangélicos e de hospitais que, por causa de problemas com os pacientes, não autorizam a entrada de cristãos.
 
 

1 comentários:

Glener disse...

Eu gostaria de encontrar tudo isto para baixar em PDF

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